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CASCAIS ERA UMA DELÍCIA aqui há meio século atrás. Beleza irrepreensível, boa terra e gente simpática, os de lá e os “remediados”que a procuravam para descansar aos fins de semana, ou ali tinham casa para as férias das crianças. Ricos havia-os, mas não se viam, como é natural e próprio da espécie.
As cabeças coroadas depostas que haviam escolhido Cascais e o Estoril para lugar de exílio davam uma patine muito especial à Costa do Sol, o Palácio do Estoril era um verdadeiro grande hotel de enorme encanto e o peixe fresco não tinha igual.
Muitos dos chalés e dinheiro eram dos latifundiários. Viviam à tripa forra dos subsídios que o “ancient regime” lhes dava pelo “Celeiro de Portugal” e deixavam os trabalhadores rurais morrer de fome no Alentejo, até a CUF do Barreiro, as corticeiras da Arrentela, a Siderurgia de Paio Pires e a Lisnave na Cova da Piedade lhes estenderem a sobrevivência, sem terem de perder a dignidade nem de atravessar o rio.
Para servir em casas ricas havia os marçanos nas charcutarias, moços de cozinha do “Fim do Mundo”, “grooms”ou pasteleiros, misteres geralmente entregues a quem descia do interior, a falar sibilante para as “madameses” e outras “Voxas Exchelências”, de espinha helicoidal e um jeito muito especial para abanar o chocalho.
Mas em Cascais até estes aprendiam boas maneiras e morriam muito mais bem educados do que os filhos, cuja casca grossa temos nós, ainda hoje, de desbastar, segurando-lhes o cavalo ou aguentando-lhes os comprimidos e o mau vinho.
CASCAIS ERA UMA DELÍCIA aqui há meio século atrás. Beleza irrepreensível, boa terra e gente simpática, os de lá e os “remediados”que a procuravam para descansar aos fins de semana, ou ali tinham casa para as férias das crianças. Ricos havia-os, mas não se viam, como é natural e próprio da espécie.
As cabeças coroadas depostas que haviam escolhido Cascais e o Estoril para lugar de exílio davam uma patine muito especial à Costa do Sol, o Palácio do Estoril era um verdadeiro grande hotel de enorme encanto e o peixe fresco não tinha igual.
Muitos dos chalés e dinheiro eram dos latifundiários. Viviam à tripa forra dos subsídios que o “ancient regime” lhes dava pelo “Celeiro de Portugal” e deixavam os trabalhadores rurais morrer de fome no Alentejo, até a CUF do Barreiro, as corticeiras da Arrentela, a Siderurgia de Paio Pires e a Lisnave na Cova da Piedade lhes estenderem a sobrevivência, sem terem de perder a dignidade nem de atravessar o rio.
Para servir em casas ricas havia os marçanos nas charcutarias, moços de cozinha do “Fim do Mundo”, “grooms”ou pasteleiros, misteres geralmente entregues a quem descia do interior, a falar sibilante para as “madameses” e outras “Voxas Exchelências”, de espinha helicoidal e um jeito muito especial para abanar o chocalho.
Mas em Cascais até estes aprendiam boas maneiras e morriam muito mais bem educados do que os filhos, cuja casca grossa temos nós, ainda hoje, de desbastar, segurando-lhes o cavalo ou aguentando-lhes os comprimidos e o mau vinho.
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