ALGUNS AMIGOS MEUS e uns quantos antigos patrões fazem questão de me manter activo no Mundo da TV europeia. Mais do que o suficiente para ver com clareza que todos, em toda a parte, andam com os nervos à flor da pele. Natural , pois vem aí o fim do analógico e todos vão ter de mudar para o digital, numa época em que toda a gente tem cada vez menos dinheiro porque cada vez é mais pequeno o investimento publicitário.
Ironicamente, há cada vez menos dinheiro para as estações de TV quando há cada vez mais gente com mais tempo para as ver, pois com o desemprego e com a fuga generalizada à crise, cada vez mais pessoas passam mais horas a ver o que o conjunto das estações de todas as espécies tem para oferecer. Nunca o consumo da TV atingiu números nem bateu recordes como aqueles que actualmente se verificam.
A parte mais complicada da TV actual, que oferece maior dificuldade de compreensão, não é a que engloba e explica as consequências da crise, mas sim o entrelaçado do público e do privado. A oferta da TV pública e da TV privada pouco se distinguem em Portugal, e aqui sempre foi assim, talvez porque a TV nasceu tarde e a más horas numa ditadura e nessa altura, nem depois de restabelecida a liberdade, ninguém debateu com seriedade a diferença que deveria existir entre uma e outra, nem ninguém explicou a função social que a TV pública e a TV privada deveriam desempenhar, como sucedeu, a tempo e horas, em cada um dos outros países europeus.
Quando a TV privada rompeu o monopólio da TV do Estado existente até aí, ninguém lhe exigiu nada nem lhe colocou diante dos olhos um caderno de encargos com uma lista de condições referentes a conteúdos, tal como também deixaram andar a TV pública à solta dos apetites dos nomeados para liderar o negócio e condicionar a influência.
Ficámos, assim, com uma TV privada para quem valia tudo e uma TV pública sem consciência dos valores que representava, como sucede ainda hoje. Sem uma legislação clara, nem reguladores com crédito e autoridade, as poucas normas que se conhecem são para não serem cumpridas, num clima generalizado de incumprimento de toda a espécie de exigência, ao mesmo tempo que o espectador desconhece os seus direitos muito próprios.
Para as nossas televisões, públicas e privadas, não são os espectadores que contam, como se pode perceber pelas respectivas programações. São os anunciantes que contam, apesar de mal servidos, mesmo na RTP. Ombreando com as influências políticas e corporativas que condicionam a maior parte das decisões, os anunciantes valem mais do que o público.
Há cinco anos, o mercado publicitário era efervescente e dava lucros obscenos a estações portuguesas. Hoje, há quem fale de fusões, do fim da publicidade na pública e ninguém está preocupado com mais ou com menos pluralismo. A lei que dantes se dizia favorecer o pluralismo, agora modifica-se para, em nome da sustentabilidade, favorecer a concentração. Que se lixe a democracia!
Bom seria que uma TV pública fosse administrada e dirigida por uma equipa profissional e independente, que não esquecesse a defesa dos valores e a importância do serviço público que a RTP deveria assumir, com respeito pelo futuro da indústria do audiovisual. Pensar TV não é pensar em audiências e em dinheiro. Pensar TV é preocuparmo-nos com pessoas e pensarmos no futuro.
Ironicamente, há cada vez menos dinheiro para as estações de TV quando há cada vez mais gente com mais tempo para as ver, pois com o desemprego e com a fuga generalizada à crise, cada vez mais pessoas passam mais horas a ver o que o conjunto das estações de todas as espécies tem para oferecer. Nunca o consumo da TV atingiu números nem bateu recordes como aqueles que actualmente se verificam.
A parte mais complicada da TV actual, que oferece maior dificuldade de compreensão, não é a que engloba e explica as consequências da crise, mas sim o entrelaçado do público e do privado. A oferta da TV pública e da TV privada pouco se distinguem em Portugal, e aqui sempre foi assim, talvez porque a TV nasceu tarde e a más horas numa ditadura e nessa altura, nem depois de restabelecida a liberdade, ninguém debateu com seriedade a diferença que deveria existir entre uma e outra, nem ninguém explicou a função social que a TV pública e a TV privada deveriam desempenhar, como sucedeu, a tempo e horas, em cada um dos outros países europeus.
Quando a TV privada rompeu o monopólio da TV do Estado existente até aí, ninguém lhe exigiu nada nem lhe colocou diante dos olhos um caderno de encargos com uma lista de condições referentes a conteúdos, tal como também deixaram andar a TV pública à solta dos apetites dos nomeados para liderar o negócio e condicionar a influência.
Ficámos, assim, com uma TV privada para quem valia tudo e uma TV pública sem consciência dos valores que representava, como sucede ainda hoje. Sem uma legislação clara, nem reguladores com crédito e autoridade, as poucas normas que se conhecem são para não serem cumpridas, num clima generalizado de incumprimento de toda a espécie de exigência, ao mesmo tempo que o espectador desconhece os seus direitos muito próprios.
Para as nossas televisões, públicas e privadas, não são os espectadores que contam, como se pode perceber pelas respectivas programações. São os anunciantes que contam, apesar de mal servidos, mesmo na RTP. Ombreando com as influências políticas e corporativas que condicionam a maior parte das decisões, os anunciantes valem mais do que o público.
Há cinco anos, o mercado publicitário era efervescente e dava lucros obscenos a estações portuguesas. Hoje, há quem fale de fusões, do fim da publicidade na pública e ninguém está preocupado com mais ou com menos pluralismo. A lei que dantes se dizia favorecer o pluralismo, agora modifica-se para, em nome da sustentabilidade, favorecer a concentração. Que se lixe a democracia!
Bom seria que uma TV pública fosse administrada e dirigida por uma equipa profissional e independente, que não esquecesse a defesa dos valores e a importância do serviço público que a RTP deveria assumir, com respeito pelo futuro da indústria do audiovisual. Pensar TV não é pensar em audiências e em dinheiro. Pensar TV é preocuparmo-nos com pessoas e pensarmos no futuro.
«Mais Alentejo» - Julho 2009
1 comentário:
a TV não está a ser assim tão vista, todos os canais andam com acessos em baixa, a SIC então é um descalabro
a nova geração "Net", vê menos TV em directo, são mais rever o que passou, ou o que sacaram, e usam-na mais para ouvir o que se passa do que realmente para ver.
a nova geração está a jogar consola enquanto ouve a TV, ou a navegar enquanto passa música, e ao mesmo tempo a comunicar com amigos.
a TV, como é hjoe em dia,... está não no inicio do FIM, o inicio do fim começou no inicio deste século.
as velhinhas vão morrer, as proximas são diferentes, não vão querer ver programas em directo da santa terrinha... à 15 anos atrás numa emissão em directo de uma cidade, aquilo localmente, estaria cheio de gente, agora vê-se meia dúzia de gatos pingados, porque as velhinhas já não conseguem sair à rua... mais uns aninhos morrem e nem nos números de telespectadores vão lhes valer
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