sábado, 25 de julho de 2009

«CONFIDENCIAL» de 25 Jul 09

Castelo de Carla de novo à venda

O belíssimo castelo da família de Carla Bruni, em Castagneto Po, Turim, foi vendido outra vez. O príncipe da Arábia Saudita Al Waled Al Saud, amigo de Sarkozy,comprara em Maio o lindíssimo castelo por 17,5 milhões de euros mas já o pôs à venda. Depois do castelo de Castagnetto, a primeira dama de França também quisvender a sua deliciosa “villa” em Cap Négre, no Var francês, onde Sarkozy e a namorada tiveram o seu primeiro ninho de amor, muito antes de se casarem. Recorde-se que Carla Bruni e a sua família não são ricos. São riquíssimos!

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O drama da menina brincalhona

Seis jogadores da Premiere League inglesa de futebol viverão horas de ansiedade sem saberem se foram, ou não, contaminados por uma jovem e bonita “groupie” que acompanhava as estrelas das equipas de futebol nas suas folgas. Todos estes seis jogadores já se submeteram a testes do HIV e aguardam os resultados no maior secretismo, naturalmente, pois a revelação das identidades por um lado, e ser ou não seropositivo resulta no fim sumário da sua carreira. A menina entreteve-se com estes seis jogadores ao longo de diversos meses e todos eles, para quem os conhece e sabe da história, vivem dramas de verdadeiras bombas-relógio que só os resultados dissiparão. A tensão surgiu ao se saber que a menina brincalhona é sero-positiva.

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Malaparte agente duplo

A Itália está espantada mas não restam dúvidas: Curzio Malaparte, o grande escritor que faleceu em 1957 com 55 anos de idade, foi agente secreto dos americanos a quem serviu nessa qualidade entre 1939 e 1947.A história é também revelada num livro a sair em breve (29 de Julho) e é confirmada na próxima edição da revista “Nova História Contemporânea”. Percy Winner, um correspondente da Associated Press, foi determinante na vida de Malaparte, mais do que o major Cummings, morto de repente por um ataque de paralisia infantil. O trabalho de jornalismo de Malaparte escondia actividade de informação para a embaixada estadounidense. A polícia fascista sabia e através do seu agente, o jornalista Camillo de Rittis, passava a Malaparte a desinformação que desejava que chegasse aos americanos. Malaparte, “o maldito toscano”, fascista da primeira hora, depois dissidente, jornalista sob o controle da polícia fascista, depois articulista do jornal socialista “Unitá” no pós-guerra, apanhado numa das últimas fotos de Palmiro Togliatti, era informador dos americanos, como se pode confirmar nos arquivos de Washington do Office of War Information. Grande escritor, Malaparte teve os defeitos todos dos chamados “jornalistas de sucesso”.É conhecida a denúncia de Aldo Borelli, o director que o “enviou” como correspondente do “Corriere de la Sera” na frente Leste e veio a descobrir que ele estava na maior em Capri.”Teve o descaramento de mandar dizer que estava a chover na Ucrânia”, lamentou-se Borelli. Também conheço alguns do mesmo jeito…só não chegaram a ser escritores e, muito menos, grandes escritores” como inegavelmente Malaparte sempre será.

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Nuclear iraniano perde patrão

O chefe da Entidade da Energia Atómica iraniana, Golamhreza Aghazadeh, demitiu-se das suas importantes funções. A agência oficial ISNA revelou a notícia mas não fez comentários nem deu a entender quais os motivos que poderiam estar por detrás da inesperada e surpreendente decisão do director do instituto desde 1997, depois de ter sido ministro da Energia e vice-primeiro ministro nos anos 80. A demissão é efectiva a partir do próximo dia 1 de Agosto.

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Klaus Barbie a nu

Muito interessante a entrevista de Marina Valensise a Jacques Vergés, o famoso advogado francês de traços orientais que ficou célebre ao defender os grandes criminosos políticos do século XX, entre os quais Klaus Barbie, autor de muitos madssacres por conta da polícia nazi Gestapo.Num determinado momento, Vergés falando da morte de Barbie, recorda que o visitou para se despedir na sua enfermaria, onde estava numa cama com uma bata de hospital. A dado momento, Barbie levantou a bata mostrando-lhe o sexo. Vergés disse”Que homem!”.Barbie abanou a cabeça como quem diz “já não serve para nada”. Nessa noite morreu.

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LIVROS

“O vendedor de sonhos”-O chamamento
De Augusto Cury
Adaptação de Livros D’hoje(Lisboa),300 Págs.
Uma história que pode fazer chorar, rir e mudar de vida

sábado, 18 de julho de 2009

«CONFIDENCIAL» de 18 Jul 09

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Eddie Murphy sempre em pé!

Eddie Murphy é um verdadeiro sempre em pé! Todos conhecemos a sua ascensão, queda e ressurreição. Depois de alguns escândalos privados e uns quantos “flopps”, ele aí está de novo, lá bem em cima, aos 48 anos de idade. Actor e “showman”, estrela incontestada das bilheteiras nos anos 80, depois praticamente banido de Hollywood, ei-lo hoje de regresso ao “star system” e às receitas milionárias graças aos filmes destinados às crianças, que o descobriram e querem para seu ídolo.

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Campeão do Mundo morto no Brasil

O pugilista canadiano, de origem italiana, Arturo “Thunder” Gatti, ex-campeão do mundo ibf e Wbc, foi encontrado morto num quarto de hotel da praia de Porto Galinhas, no Estado de Pernambuco, no Nordeste brasileiro, um destino muito frequentado por turistas portugueses. Gatti estava ali de férias com a sua mulher, a brasileira Amanda Rodrigues, que foi detida para interrogatório pela polícia pernambucana. O campeão morreu vítima de estrangulamento que teria sido executado com a correia duma bolsa.

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Israel-Palestina:costas viradas

Para surpresa dos próprios judeus mas também de todo o mundo, o primeiro-ministro Netanyahu estendeu a mão à Palestina propondo: ”Encontremo-nos em breve e retomemos as negociações. Podemos trazer muitos investidores, por isso regressemos às conversações”. Abu Mazen, presidente da Autoridade Palestina foi sintética, clara, seca e precisa:”Respeitem o ‘roadmap’, para começar”.

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Papa: demasiadas injustiças

O Papa Bento XVI referiu-se ao G8 no Angelus, afirmando:”No mundo existem desencontros sociais e injustiças estruturais que não são mais toleráveis. É absolutamente necessário encontrar uma estratégia coordenada para procurar e encontrar soluções globais duráveis”.

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Sofia Loren madrinha de super-navio

Sofia Loren foi a madrinha do “Splendida”, o super-navio gémeo do “Fantasia”que deveria hospedar os grandes do planeta na reunião do G8 na Madalena, e que foi baptizado no porto de Barcelona perante a Imprensa de 50 países e com um concerto de José Carreras e a actuação de muitos outros artistas. Numa bem humorada conferência de Imprensa, Sofia disse:”Toda a gente fala do ‘made in italy’. E com isso nós queremos dizer feito 100% em Itália. É assim com este fabuloso navio. Nós, em Itália, fazemos moda, cinema, design e pomos a nossa imaginação e talento também ao serviço dos grandes navios de turismo”. Nos estaleiros de Itália já está em construção o próximo paquete “Magnífica”, que será lançado ao mar no porto de Hamburgo no próximo ano. Neste momento a Itália dispõe duma frota de 10 destes fabulosos “liners”,os maiores construídos por um armador europeu. Esta luxuosa cidade pode transportar 3959 passageiros, tem um comprimento de 333,3 metros, 66,8 metros de altura, um verdadeiro palácio distribuído por 23 andares e pesa 137.936 toneladas.

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LIVROS

“Honra o teu pai”
De Gay Talese
Editorial Presença, 410 págs.,22 Euros

Um apaixonante livro dum grande escritor de não-ficção

sábado, 11 de julho de 2009

«CONFIDENCIAL» de 11 Jul 09

Espanha me mata

Há mais de meio século que todos os anos vivo o nosso Verão a fazer milhares de quilómetros por ar e por terra em Espanha e, juntamente com as feiras, a desfrutar das suas praias, cozinha, teatro, ópera e alegria de viver. Assim eu consiga transmitir aos meus netos o que o meu avô me passou a mim… Mas este ano há variadas razões para estar grato a Madrid. Foi a assombrosa despedida de Esplá em Las Ventas, momento único e inolvidável; é a versão genial do Rigoletto, em cena no La Real, é a monumental exposição de Matisse no Thyssen. E depois é todo um conceito de vida e cultura, como os inúmeros concertos de qualidade em espaços públicos, e como foi a celebração do Dia da Música, no Reyna Sofia de Madrid. Pois é. No Verão só cá venho para ver a família, matar saudades dos amigos e mudar de roupa. Espanha me mata…

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Museu fantástico

Atenas, como todo o mundo da cultura, vive uma época feliz. Milhares de atenienses tiveram o privilégio de visitar, no dia da inauguração, o Novo Museu da Acrópole, erguido sobre uma escavação arqueológica e desenhado por Bernard Tschumi. Ali se pode visitar um verdadeiro deslumbramento constituído pela maior exposição de esculturas da Grécia clássica, a qual, ao mesmo tempo, constitui uma silenciosa e justa reivindicação: que esta maravilhosa exposição possa em breve ser completada e enriquecida pelos frisos do Partenon e pelo grande número de estátuas roubadas pelo Reino Unido no início do Século XIX e que também encantam algumas das minhas manhãs disponíveis em Londres. Mas o seu a seu dono…

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Fórum Mundial da Água

A cidade francesa de Marselha foi escolhida para organizar o sexto Fórum Mundial da Água, em 2012, anunciou o ministério do Ambiente da França. Marselha competiu com Durban, da África do Sul, para receber este prestigiado fórum que decorre de três em três anos. Fontes da organização confidenciaram a sua incapacidade para resolver um mistério, para cuja solução pediram ajuda: que é feito de Portugal, de Lisboa, do Porto, de Aveiro, de Sines, de Faro, de Sagres!? Expliquem-lhes lá porque é que Portugal falta, não cumpre, se esquece de responder e foge da água como o diabo da cruz?! Deve haver uma boa explicação!

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Benetton compra 2% do Club Med

A holding “Edizione”, propriedade da família Benetton, anunciou ter comprado 2% do Club Mediterranée.O grupo conta com um novo aliado desde que Bernard Tapie adquiriu 1% do capital do Med.

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Brentano’s fecha na Opéra

As portas da livraria americana Brentano’s, na Avenida da Opera, em Paris, onde abriu em 1895, fecharam definitivamente depois do Tribunal do Comércio se pronunciar pela liquidação judicial da sociedade. Mais do que a concorrência da Amazon foi o preço da renda da livraria que ditou a sua falência, ao ter de passar duma renda mensal de 75 mil euros para 200 mil euros mensais por uma superfície de 400 metros quadrados que pertencem ao BNP, banco proprietário do edifício e responsável pela desistência de Chantal Bodez, a directora da livraria que deixa um vazio de saudade.

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B.B. King em Paris

Se alguém necessita dum bom pretexto para ir a Paris, como se tal fosse necessário, havendo dinheiro no bolso,dou aqui uma razão para esta sempre agradável viagem a esta sempre fascinante cidade. Gosta de “jazz”? Tem saudades de quando o Luís Villas Boas nos oferecia o melhor e trazia cá todos aqueles cabeças de cartaz?!Quer matar saudades? Então faça favor.Vá ao Palais dês Congrés, no Paris 17eme., no próximo dia 22 e delicie-se ali com um concerto dessa lenda ambulante chamada B.B. King, que há anos faz a sua eterna “digressão de despedida” mas que com os seus 84 anos não vai andar por aí eternamente. Se puder, não perca! Além do mais pode sempre comer bem e fazer mais qualquer outra coisa agradável!

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LIVROS

Je voudrais tant que tu te souviennes
De Dominique Mainard
Editado por Gallimard (“Folio”)Paris
366págs., 6,50 Euros
O sortilégio duma narrativa incomparável.

sábado, 4 de julho de 2009

«CONFIDENCIAL» de 4 Jul 09

Cresce luta na aviação comercial


TODOS JÁ PERCEBEMOS que vai uma guerra danada no negócio dos aviões. Ele é dizer mal dos Airbuses que enchem os céus deste mundo e do outro, ele é aproveitar os desastres com modelos desta marca, ele é o relançamento do Boeing 787, ele é o primeiro Airbus construído na China e o crescimento deste país também na indústria aeronáutica. Mas a grande novidade no salão 2009 de aeronáutica, que sempre que posso não perco no Le Bourget, foi o avião russo Sukhoí, um regional capaz de transportar 90 passageiros e que concorre com o canadiano Bombardier e com o brasileiro Embraer. Mas, acima de tudo, o Sukhoí assinala o regresso da Rússia à construção aeronáutica civil depois dum interregno de 25 anos. E os russos não regressam para brincar: estão convencidos que, até 2025, vão consolidar a sua posição no terceiro lugar dos construtores aeronáuticos, subindo até os 12% e subindo do 1% de hoje em dia. O novo avião russo tem “know how” da Boeing, equipamento da Honeywell, trens de aterragem franceses e motores russos da Saturno, enquanto a comercialização do Sukhoí vai ser entregue aos italianos da Alenia. O novo avião já tem 98 encomendas firmes, das quais 30 são da Aeroflot. Mas se os russos regressam bem, os chineses não aparecem pior: tiveram já 200 encomendas para o seu novo avião ARJ21 e têm como propósito intrometer-se na luta entre a Airbus e a Boeing, lançando para 2020 o C919, um aparelho de longo curso para 150 passageiros.

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Aviões executivos em grande perda

MAL ESTÁ a chamada “aviação de negócio”, soterrada com desistências e cancelamentos para os mais diversos modelos dos seus aviões executivos. A grande caricatura deste transporte continua a ser o momento em que os presidentes da Ford, da Chrysler e da General Motor se meteram, cada um no seu avião executivo para irem de Detroit a Washington pedir ajuda ao Congresso e dinheiro ao Governo para não falirem. Neste momento os aviões executivos são utilizados por quadros médios de empresas e por políticos pagos pelo erário público, explica a Dassault Aviation. Mas este segmento do negócio está tão mal que este ano nem a Gulfstream, nem a Cessna puseram os pés no salão de Paris. Significativo…

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Um pálido Trovador de despedida

JEAN MARIE Blanchard despediu-se da Ópera de Genebra, que dirigiu durante oito anos com um pálido Trovador, de Verdi. A orquestra, como sempre foi a da Suisse Romande e nenhum dos cantores era italiano, o que não retirou qualidade ao canto, mas não deixa de ser curioso: o conde Di Luna era romeno, Leonora e Assucena são russas, Manrico era sérvio e Ferrando, turco.
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A morte dum “designer”

PASSOU DESPERCEBIDA por entre tanta morte neste princípio de Verão o falecimento do “designer” Pierre Paulin, com mais de 80 anos. O artista morreu em Montpellier e para se recordar a sua importância basta dizer que ele havia mobilado o Palácio do Eliseu para dois presidentes, Pompidou e Mitterrand. Ficaram célebres, no mobiliário do século XX, os seus sofás em forma de cogumelo ou de língua, em malha amarela ou lilás que deram a volta ao mundo e tiveram grande sucesso.

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Úteis rapidinhas

EM MAIO, realizou-se com êxito em Paris a primeira sessão de “speed investing”- financeiros ou empresários receberam candidatos a financiamento, fosse para criar novas empresas ou para desenvolver novos projectos. Talvez por de um lado estar quem quer e do outro quem precisa, a experiência foi muito positiva, com resultados que ultrapassaram aquilo que se esperava, com novas oportunidades de negócio criadas e algumas mesmo já em desenvolvimento. O Governo Sarkozy criou um desconto importante para o IRC de quem invista em novas empresas, o que também teve eco nos homens de negócio. Depois do “speed investing” foi a vez do “Job dating”, igualmente bem sucedido. O princípio é o mesmo e decorrem todas estas variações do “speed dating”, utilizada para encontros amorosos pré-seleccionados através da Internet.Com uma sede institucional onde uns e outros se encontram, o segredo deve estar nas primeiras impressões, pois ao fim de 5 minutos de conversa e de olhar para os cv ou para as matérias preparadas, toca um despertador e os pares de procura-oferta dão por findo o rendez-vous, assistido por pessoal preparado dos organizadores. As decisões são anunciadas no momento ou intermediadas pela organização.
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LIVROS
“Dicionário de Dúvidas”
Editado por Calambur, Madrid 2009-07-01 108 págs., 9,98 Euros
José Maria Cumbreño descarna a palavra para com estes poemas nos recordar
que “as nossas hesitações mostram a nossa honradez e as nossas certezas as nossas imposturas”.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Pensar TV

ALGUNS AMIGOS MEUS e uns quantos antigos patrões fazem questão de me manter activo no Mundo da TV europeia. Mais do que o suficiente para ver com clareza que todos, em toda a parte, andam com os nervos à flor da pele. Natural , pois vem aí o fim do analógico e todos vão ter de mudar para o digital, numa época em que toda a gente tem cada vez menos dinheiro porque cada vez é mais pequeno o investimento publicitário.

Ironicamente, há cada vez menos dinheiro para as estações de TV quando há cada vez mais gente com mais tempo para as ver, pois com o desemprego e com a fuga generalizada à crise, cada vez mais pessoas passam mais horas a ver o que o conjunto das estações de todas as espécies tem para oferecer. Nunca o consumo da TV atingiu números nem bateu recordes como aqueles que actualmente se verificam.

A parte mais complicada da TV actual, que oferece maior dificuldade de compreensão, não é a que engloba e explica as consequências da crise, mas sim o entrelaçado do público e do privado. A oferta da TV pública e da TV privada pouco se distinguem em Portugal, e aqui sempre foi assim, talvez porque a TV nasceu tarde e a más horas numa ditadura e nessa altura, nem depois de restabelecida a liberdade, ninguém debateu com seriedade a diferença que deveria existir entre uma e outra, nem ninguém explicou a função social que a TV pública e a TV privada deveriam desempenhar, como sucedeu, a tempo e horas, em cada um dos outros países europeus.

Quando a TV privada rompeu o monopólio da TV do Estado existente até aí, ninguém lhe exigiu nada nem lhe colocou diante dos olhos um caderno de encargos com uma lista de condições referentes a conteúdos, tal como também deixaram andar a TV pública à solta dos apetites dos nomeados para liderar o negócio e condicionar a influência.

Ficámos, assim, com uma TV privada para quem valia tudo e uma TV pública sem consciência dos valores que representava, como sucede ainda hoje. Sem uma legislação clara, nem reguladores com crédito e autoridade, as poucas normas que se conhecem são para não serem cumpridas, num clima generalizado de incumprimento de toda a espécie de exigência, ao mesmo tempo que o espectador desconhece os seus direitos muito próprios.

Para as nossas televisões, públicas e privadas, não são os espectadores que contam, como se pode perceber pelas respectivas programações. São os anunciantes que contam, apesar de mal servidos, mesmo na RTP. Ombreando com as influências políticas e corporativas que condicionam a maior parte das decisões, os anunciantes valem mais do que o público.

Há cinco anos, o mercado publicitário era efervescente e dava lucros obscenos a estações portuguesas. Hoje, há quem fale de fusões, do fim da publicidade na pública e ninguém está preocupado com mais ou com menos pluralismo. A lei que dantes se dizia favorecer o pluralismo, agora modifica-se para, em nome da sustentabilidade, favorecer a concentração. Que se lixe a democracia!

Bom seria que uma TV pública fosse administrada e dirigida por uma equipa profissional e independente, que não esquecesse a defesa dos valores e a importância do serviço público que a RTP deveria assumir, com respeito pelo futuro da indústria do audiovisual. Pensar TV não é pensar em audiências e em dinheiro. Pensar TV é preocuparmo-nos com pessoas e pensarmos no futuro.

«Mais Alentejo» - Julho 2009